março 19, 2011

Revendo tudo que já passei na minha breve vida, percebi que a difícil barreira do vestibular não está apenas na adolescência, após o Ensino Médio. Pelo contrário, a vida nos faz "passar por vestibulares" ao longo de toda nossa existência.
Ainda criança, aprendi a sobreviver diante das pressões dos meus primeiros concursos. Já aos 8 anos de idade, minha mãe me colocara num preparatório de concursos, na qual eu estudara para aquele que seria meu primeiro "vestibular", o concurso do Colégio Militar do Recife. Até então, não sabia o que me esperava, mas minha mãe já me pressionara muito.
Passado o primeiro concurso e depois de ter "decepcionado" minha mãe, fui percebendo o quanto é importante ter um bom nível de instrução educacional, pois até aquele concurso eu não percebera o quanto isso era importante para mim. Então veio o segundo concurso, o do Colégio de Aplicações da UFPE, na qual mais uma vez não conseguira passar. Após tais concursos, fui aprendendo que estudar era/é muito importante, principalmente, para mostrar as pessoas que nos depositam confiança, que somos capazes. Ainda que isso nem sempre seja possível.
Alguns anos passaram e com a cabeça mais amadurecida, percebi mais uma vez que nem tudo que imaginei para minha vida, continuou e que não continuará para os próximos anos. Entretanto, mesmo diante de tantas mudanças, os ideais principais continuaram sendo os mesmo: mostrar a minha mãe que sou capaz de algo e deixá-la feliz e orgulhosa.
Depois de turbilhões de pensamentos, recebi um convite que seria uma espécie de "vestibular" da vida para mim, morar no RJ com minha tia e manter contato com meus pais apenas por telefone. Esse foi o vestibular mais intenso e que exigiu de mim não apenas o estudo, mas a maturidade. Afinal, eu era apenas uma jovem de 15 anos com pouca vivência e querendo um futuro melhor. Porém tendo que escolher entre razão x emoção , entre estudo x família. O momento lá no Rio de Janeiro foi maravilhoso, aprendizado constante, mas a família falou mais alto.
Enfim, na volta à família e a pressão, agora, do verdadeiro vestibular, veio então o ano de conclusão do Ensino Médio.
Esse para todo, senão, a grande maioria dos jovens é o ano de suas vidas, o ano de mais pressão, é "AQUELE ANO". Mas para mim, era apenas mais um ano, ano de novas experiências e de aproveitar aquele que seria o ano da despedida de "pouca responsabilidade".
Posso dizer que o meu último ano do Ensino Médio foi o mais revoltado no que se trata de estudos. Enquanto eu via meus amigos enlouquecendo para aprender matérias e resolver exercício de provas antigas de vestibular, eu estava dormindo, gazeando, curtindo com os que não queriam saber de nada. Mas isso queria dizer que eu não tentaria fazer as provas não, pelo contrário, eu queria mostrar que era capaz de algo mesmo sem estudar. kkkk , pensamento equivocado, o meu. Fiz as provas, mas não passei. Apenas fiz o favor de passar no colégio e "concluir" os estudos.
Mesmo eu sabendo que não passaria nas Universidades da vida, a pessoa fica triste, pois ao fazer a prova, o friozinho na barriga existe, naqueles papeis tem tudo que você já viu, tudo que você já estudou, só que num nível mais difícil. Sem falar que você ver todos os teus amigos - os que estudaram - passando e tu ficando, simplesmente, pra trás.
Tudo bem, ano seguinte é o ano de estudar, então ... Pré-vestibular!
Puts, rever tudo que já foi visto, da mesma forma que é aprendido no 3º ano do Ensino Médio ¬¬ , juro que até tentei, mas meu espírito ainda revoltado não me deixou. Abandonei pra ficar estudando em casa, já que eu tinha todo material. Para algumas pessoas, estudar em casa é quase impossível. Pra mim não.
No meio do ano, surgiu um concurso para escolas técnicas estaduais, e para mim que não tinha aproveitado nada durante o ano anterior, isso já alguma coisa, principalmente para deixar minha mãe um pouco mais feliz. Estudei durante um mês (achei esse tempo mais que necessário) e passei em 8º num total de 45 vagas. Ótimo, consegui deixar minha mãe felicíssima e ainda vou aprender a mexer com algo =). Ainda fiquei pensando: " Isso não é bem o que eu quero pra mim, mas já é alguma coisa pra quem não tem nada ".
No final do mesmo ano, tentei novamente as provas de vestibular, ainda sem estudar muito, fui com os estudos básicos que tinha e tirei uma boa nota. Resultado final: Passei na UFRPE e hoje estou cursando o 1º período de Licenciatura em Matemática, e ainda consegui deixar minha mãe orgulhosa.
Mas pra quem pensa que as pressões acabaram, enganam-se. Esse é apenas um começo de uma nova Era. Agora na pele de uma universitária, vejo um mundo totalmente diferente, na qual tenho que estudar o triplo do que achava que estudava muito para eu conseguir terminar a universidade. Pois para jovens que ainda estão no ensino médio, entrar numa universidade federal é difícil, porém o mais difícil é terminar o curso após ter entrado nela.
E para quem pensa que depois da Universidade as pressões acabam, enganam-se mais ainda, porque existe uma coisa chamada mercado de trabalho. Ter um ensino superior não quer dizer que você é "o foda" não, mostrar serviço que vai dizer se você é um bom professor, um bom engenheiro ou qualquer outra coisa que você escolheu ser.
Sou apenas uma jovem que estou entrando num mundo novo e cheio de barreiras, mas minha pouca vivência me fez escrever todos esse texto para os jovens que estão começando agora a descobrir novos mundos. Barreiras e pressões existirão ao longo de sua vida, basta cada um ter vontade e persistência e continuar com a cabeça firme, que conseguirá o que tanto cobiça.
Este é apenas o começo, estudar passou a ser não só fundamental, e sim essencial.